historia=Casa Portuguesa

“Numa casa portuguesa fica bem
Pão e vinho sobre a mesa
E se à porta humildemente bate alguém
Senta-se à mesa com a gente”

Jeronimo Gomes chegou ao Brasil em 1961, egresso de Lisboa, capital de Portugal, trazendo consigo os sonhos de um jovem imigrante e todos os segredos das clássicas culinárias portuguesa e européia.

Português nascido na freguesia de Passos, concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real, região de Trás-os-montes, aprendeu ainda jovem, nos principais restaurantes portugueses, as alta técnicas de preparo de frutos do mar e assados.

Em 28 de agosto de 1969, já estabelecido em São Paulo, inaugurava o restaurante Alfama dos Marinheiros.

Desde logo notabilizou-se pela excelência na arte da gastronomia portuguesa e de frutos do mar.

Os versos do tradicional fado acima transcrito ilustram o espírito acolhedor que caracteriza seu restaurante, qual seja, o de uma casa portuguesa, com certeza.

ALFAMA, O MAIS ANTIGO BAIRRO HISTÓRICO DE LISBOA

“É como se o tempo tivesse parado neste pedaço de Lisboa...”

A inspiração para designar o restaurante como ALFAMA DOS MARINHEIROS surgiu da permanência de Jeronimo Gomes, na década de 50, em Lisboa, quando freqüentou, com deslubramento, o histórico bairro de Alfama.

Alfama, bairro velho da Capital, conserva ainda os traços característicos da Lisboa antes da conquista aos mouros. Nem o sismo de 1755, que devastou boa parte da Capital de Portugal, nem as exigências da evolução dos tempos modernos conseguiram alterar o seu estilo.

Nascido fora da alcáçova do castelo, o Bairro de Alfama, transformou-se, a partir do século XlV, num local marinheiro, frequentado por marinheiros, pescadores, mareantes e trabalhadores das fainas do rio ou do mar.

No seu labirinto de escadinhas, becos e ruelas, Alfama possui grandes riquezas de uma arquitectura única, onde, ainda hoje, se encontram gravados nas pedras sinais que indicam as casas de pilotos e capitães do mar.

Nestes sítios de traços singulares é possível tocar nos telhados através das janelas rendadas e dos estendais de roupa a enxugar, tantas vezes, retratados pelos homens das artes. No “Chafariz de Dentro”, dono de um invejável caudal, recolhia-se a água que abastecia as naus que atracavam no Tejo.

Toda a sua vida era feita em função do rio e do mar. Mesmo as práticas religiosas eram influenciadas pela actividade marítima. Assim foram surgindo capelas e irmandades, como a dos Remédios e do Espírito Santo. Ninguém a descreveu melhor que o jornalista e olisipógrafo Norberto de Araújo que tem o seu nome numa das ruas do bairro de Alfama. Este apaixonado por Alfama descrevia-a ao pormenor:“Labiríntica, confusa, aglomerada, polícroma, torturosa, contorcida, cheia de abraços de ruelas e de beijos, arcos, alfujas, becos, escadarias e planos, serventias e pátios, um único Rossio: o “Chafariz de Dentro”; uma única Avenida: Os “Remédios”; um único monumento: a “Torre de São Pedro”; postigos, quintas, cunhais, muros floridos, brasões, balcões, poiais; Cruzes de ermida, registos de azulejos, lápides foreiras, siglas, grades, portais esquecidos, colunas, pedras soltas, restos de muralha; empenas em bico, andares de ressalto, varões de apoio, frestas, balaústres, janelas arrendadas, janelas geminadas, janelas de reixa; mil baiúcas, exércitos de gatos, coros de pregões, tumulto e resignação, arraial perpétuo de roupas estendidas (...); gentes do mar, gentes das oficinas, vendilhões, nuvens de meninos (...).

MARCHA DE ALFAMA
Música de Amadeu do Vale e Carlos Dias
“Alfama não envelhece
E hoje parece
Mais nova ainda
Iluminou a janela
Reparem nela
Como está linda,
Vestiu a blusa clarinha
Que a da vizinha
É mais modesta
E pôs a saia garrida
Que é só vestida
Em dias de festa.

Becos escadinhas
Ruas estreitinhas
Onde em cada esquina
Há um bailarico.
Trovas tão singelas
E em todas elas
Perfume de mangerico.
Risos, gargalhadas,
Fados, desgarradas,
Hoje em Alfama é o demônio
E em cada canto,
O suave encanto,
Dum trono de Santo António.

Já se não ouvem cantigas
E as raparigas
De olhos cansados
‘Inda aproveitam o ensejo
P’ra mais um beijo
Dos namorados.
Já se ouvem sinos vibrando
Galos cantando
À desgarrada,
Mas mesmo assim dona Alfama
Não vai para a cama
Sem ser madrugada.”